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O Período Azul e as Louças do Valet

  • Angélica Pedroso
  • Oct 18, 2016
  • 2 min read

O meu período azul teve inicio na minha ultima viagem a Paris (Novembro 2015).

Quando retornei para a quietude do meu ateliê em São Paulo, comecei a sentir mais o peso dos acontecimentos: atentados, refugiados, xenofobia, a tensão nos aeroportos e certos lugares públicos. O endurecimento das pessoas.

Tenho a sensação de que a Arte, na sua função de humanizar o desumano, tem uma briga séria pela frente!

Reagi instintivamente indo em direção ao Azul. Nada tão diferente assim, é a cor mais apreciada e popular para nós humanos e através de todas as culturas. Mas o sentido e a sensação que a cor Azul transmite dependem não só do seu tom, pois variam muito através do tempo, espaço, culturas e pessoas.

A expressão Periodo Azul lembra obviamente Picasso. Mas na realidade muitos artistas, pintores, escultores, músicos, escritores, tiveram seus “período azul”. Pessoas também. Elas raramente têm só um período azul em suas vidas!

Para Picasso, o azul do seu Periode Bleu foi sombrio, transmitindo tematicamente tristeza, melancolia, pobreza, solidão. Posteriormente, por volta de 1904, diríamos que “ele deu a volta por cima”, entrando no Periode Rose, usando outras cores, mais festivo e alegre, e criando a seu jeito de gênio, as personagens que ficaram indelevelmente associados a Picasso: o Pierrô e o Arlequim.

Mas qual é o meu Azul, o Azul Angélica, nesse momento da minha vida e na minha arte?

Bem, apareceu uma consistência no meu trabalho a medida que fui digerindo e acalmando meus sentimentos na volta ao Brazil e ao meu canto. E em retrospecto parece mesmo que eu tive, e ainda atravesso, meu Periode Bleu. Meu Azul, e de mais ninguém.

Por minha natureza, minha arte orbita geralmente em torno do Mistério (e portanto, do Feminino). E ao contrário do Bleu de Picasso ou do Blues de Billy Holliday, meu Azul é mais um reação defensiva ao que agora me perturba, algo mais como "Meu Deus, preciso achar uma janela, abrir, e vislumbrar o azul novamente". O Azul do infinito e da liberdade, a cor do que era, é, e sempre será, a cor do Mistério e do Feminino. Os meus Pierrôs e Arlequins são azuis.

Eles precisam ser azuis.

Angélica Pedroso

Vernissage as Louças do Valet

Novembro 26 2016 São Paulo

Vocês estão convidados



P.S. Agradeço a colaboração do meu amigo e webmaster Ricardo Costa na redação e formatação desse texto. Merci, Chere Amie!

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